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F – A – C – E

Exposição Individual | F – A – C – E de João Ferro Martins

Artista : João Ferro Martins

Duração da exposição: 30 de abril a 28 de junho

Datas dos concertos:
15 Maio – Quatroconnection
22 Maio – Joana Guerra
29 Maio – Jejuno
05 Junho – Clothilde

A partir do conceito proposto pelo Hangar – Centro de Investigação Artística, Notes from the Space, João Ferro Martins fez algumas ligações que facilmente foram ao encontro das suas zonas de interesse simbólico e estético revelando naturalmente uma imagem do que poderia ser esta exposição. Notes from the Space – traduzido para português diz-nos qualquer coisa como: Notas a partir do espaço ou Notas do espaço. Desta expressão, que pode ser interpretada de formas diversas; do ponto de vista da arquitectura, do ponto de vista cósmico, coreográfico, social entre outros; JFM derivou, provavelmente, para o que seria mais natural dentro da sua obra, para o ponto de vista da música. O que percebeu foi que as notas dos espaços, poderiam ser as notas que no pentagrama da notação musical em clave de Sol não estão sobre linhas mas sim no espaço entre linhas e que na nossa terminologia são: fá, lá, dó e mi. Já na notação Anglo Saxónica, essas notas são F, A, C e E – FACE. Estas mesmas notas, na língua Inglesa, formam uma palavra que, voltando ao português, quer dizer Cara, ou Rosto. Curiosamente, desde há seis anos que o artista JFM tem vindo a fazer uma colecção de discos de vinil com o intuito de produzir uma obra visual onde a lógica da colecta se centraria, não no conteúdo musical destes elementos, mas precisamente na imagem que está estampada na capa. São genericamente retratos de mulheres, não as mulheres instrumentalizadas para embelezar as obras discográficas masculinas mas – as mulheres autoras, de todas as áreas da música, que utilizaram o seu rosto para ilustrar a capa do seu próprio trabalho. É sucintamente uma colecção de retratos que promovem de forma periférica uma discussão também sobre fotografia mas a partir de um média do mercado da música. Um ready-made no âmbito do retrato. Na pré-produção desta obra JFM teve o cuidado de manter uma orgânica visual em que o formato desses retratos obedece a certas regras, como a dimensão do rosto, a posição, etc. Estas mesmas lógicas irão, finalmente, informar grupos de quadros e combinações visuais para estabelecer aquilo que é apenas o mote para uma exposição com outros elementos que, a partir desta base, ramificam também para outros sentidos, leituras e efeitos, promovendo, como é apanágio da obra de João Ferro Martins, abertura para circunstâncias formais da ordem da instalação e dos outros meios que encontramos na sua prática.

Na linha de pensamento que advém da exposição F-A-C-E de João Ferro Martins e mantendo na origem a proposta Hangar – Centro de Investigação Artística, Notes from the Space, o artista JFM propõe um conjunto de eventos paralelos. Um pequeno programa de concertos na área da música improvisada, serão quatro eventos que terão lugar no próprio espaço da exposição utilizando uma instalação/palco como dispositivo técnico e cénico dos mesmos. Serão concertos concebidos e executados a solo por quatro convidadas com abordagens distintas que desenvolvem trabalho no domínio da música experimental.

João Ferro Martins (Santarém, 1979), licenciou-se em Artes Plásticas na ESAD, Caldas da Rainha. Vive e trabalha em Lisboa. A sua obra de instalação e de cariz escultórico desenvolve-se predominantemente em torno do universo do Som e da Música, a sua formalidade é caracterizada pela utilização de objectos triviais e o trabalho sobre Pintura dominado pela simplicidade e pela síntese cromática. Também produz em Teatro, Filme, Vídeo e Fotografia. Exposições individuais recentes incluem: It’s painted on her shirt in capitas, 3+1 Arte Contemporânea, Lisboa (2024) Objectos em Eterno Colapso, Pavilhão Branco (Galerias Municipais de Lisboa), Lisboa (2020); condition report, 3+1 Arte Contemporânea, Lisboa (2020); Fermata, CAPC, Coimbra (2019); Sotille sfumatura di rumore, 3+1 Arte Contemporânea, Lisboa (2020). Teve presença em exposições coletivas como: Garganta – Ciclo Voz Multiplicada, CIAJG Guimarães (2022); Pintura: Campo de Observação Parte II, Cristina Guerra Contemporary Art, Lisboa (2021); Ensaio para uma Comunidade, MAAT, Lisboa, PT (2021); Constelações III, Museu Berardo, Lisboa (2020); Wait, Museu Berardo, Lisboa (2019); Ciclo Cosmo/Política #2 – Conflito e Unidade, Museu do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira (2018); THEM OR US! Um Projecto de Ficção Científica Social e Política, Galeria Municipal do Porto, Porto (2017); Artistas comprometidos? Talvez, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa (2014); Prémio EDP Novos Artistas Fundação EDP, Porto (2013); Visões do Desterro, Caixa Cultural do Rio de Janeiro (2013); I wish this was a song, Music in Contemporary Art, Nasjonalmuseet, Museet for samtidskunst, Oslo (2012); 7 Artistas ao 10º Mês, F.C.Gulbenkian, Lisboa (2008). Para palco co-criou e interpretou: O Declive e a Inclinação, A Morte nos Olhos e Lebre – Lances de Hermes; com Alexandre Pieroni Calado. Fez cenografia para O Susto é um Mundo (2020) e cenografia com figurinos para a peça O limpo e o sujo (2016), ambas de Vera Mantero. É fundador, juntamente com Hugo Canoilas, do coletivo A kills B com o qual esteve presente em Nam June Paik Art Center, Seul (2008); exibiu o projecto A mata B na F.C.Gulbenkian, Lisboa (2012) e apresentou no Palais de Tokyo, Paris (2013). Produz trabalho em música e gravação de forma regular e faz parte do projeto de música improvisada Catarata e do grupo Casal do Leste.

Quatroconnection
Dedica-se a formas contemplativas de viver e trabalhar o som, criando paisagens sonoras através de field recordings, captações electro-acústicas, síntese analógica/digital e processamento das mais variadas fontes sonoras. Com formação em Música e Artes e licenciada em Design de Interiores, vive o som pelo seu potencial musical, mas também como objecto artístico. Apresenta as suas criações a solo (concertos, composições audio-visuais, actos sonoros, manifestos) sob o nome Quatroconnection. Compõe para performances de teatro e dança. Toca electrónica regularmente em concertos de música improvisada com músicos dos mais variados espectros sonoros. Participa nos ensembles Variable Geometry Orchestra, IKB, Isotope Ensemble. É membro de Quarto Com Luz (com Samuel Gapp, Michael Schiefel, Helena Espvall e João Valinho), Rodrigo Brandão (com Rodrigo Amado, Hernâni Faustino e João Valinho), Defiant Illusion (com Gonçalo Almeida, Maria do Mar, José Lencastre). Faz parte do colectivo de música improvisada experimental Lantana (com Joana Guerra, Maria do Mar, Maria Radich, Helena Espvall, Anna Piosik).

Joana Guerra
Violoncelista, compositora e improvisadora cuja inquietação e paixão pela experimentação a têm levado a colaborações com inúmeros músicos, assim como a projetos de dança, performance e teatro, entretecendo um universo único em constante expansão. Tem trabalhado em contextos diversos, a solo e coletivamente, movendo-se livremente entre disciplinas artísticas. Joana incorpora uma vasta gama de influências, incluindo noise, improvisação, folk, jazz, música experimental, sonoridades tradicionais ou minimalistas, unificando essas referências numa abordagem distintiva.
Lançou quatro discos do seu projeto a solo, sendo o mais recente “Chão Vermelho”: canções impressionistas e experimentais, alinhadas pela hipnose do violoncelo.
Colabora em projetos no espectro da música exploratória e improvisada: The Alvaret Ensemble, Lantana, Tratado Ensemble (inspirado na obra Treatise de Cornelius Cardew), Orquestra do Ruído, etc. Além de variadas colaborações artísticas: Joëlle Léandre, Surma, Gume, João Ferro Martins, Manja Ristić, Victor Herrero, Ricardo Jacinto, Lula Pena, Mikhail Karikis, Yaw Tembe, Asimov, Tiago Sousa, Pop Dell’Arte, entre outres.

Jejuno
Sara Rafael (Lisboa n.1988 e residente no Porto) é artista visual e sonora. Na área do som, apresenta-se como Jejuno e compõe em tempo real “peças musicais de contornos brutalistas repletas de sonho e romance, com toda a utopia e atropelos que as coisas reais implicam” – João Moço -, através de um setup minimal de cascatas de teclados e samples de onde se erguem melodias etéreas, drones subterrâneos e ritmos que, ao longo do tempo, se vão vincando e acelerando.
Jejuno apresentou-se pela primeira vez ao vivo na Galeria Zé dos Bois em 2014 e desde aí passou por inúmeras salas nacionais e internacionais. Quase sempre a solo, é nos concertos que se pode conhecer melhor o seu trabalho.
Algum do seu trabalho de registo encontra-se editado pelas editoras URUBU, Labareda, Nariz Entupido e Extented Records.
Colaborou em duo com Raw Forest, Diana Policarpo, Odete, Filipe Felizardo e Maria Reis e em trio com Olan Monk e Paul Abbott.
No campo das artes visuais e performativas, compôs para “L’O” de Hugo Canoilas no Museu Soares dos Reis no Porto, “guts”, de Lydia Nsiah no Hangar em Lisboa, “Pool u. Pool”, com Sara Graça para o TBA, Lisboa.
No campo do cinema experimental, fez a sonoplastia/composição sonora para “to forget” (2019) e “techno” (2023), de Lydia Nsiah, apresentados em festivais de cinema internacionais como IDFA(NL), Diagonale(AT), Curtocircuito(ES).

Clothilde
Em qualquer conversa com Clothilde sobre a sua música, surge com recorrência a expressão “as minhas máquinas”. Refere-se à maquinaria que Zé Diogo, o seu parceiro, constrói de raiz para Clothilde criar as suas ambiências únicas. Na voz de Clothilde, “as minhas máquinas” ganham um novo sentido, o tom, as pausas, descrevem uma empatia única com elas, em simultâneo fica a sensação de que Clothilde e elas – as máquinas – são um ser único que, quando em funcionamento, se deixam dominar por uma certa imprevisibilidade do momento. Ambos sabem como e para onde ir, mas as formas e cores para se lá chegar parecem ser sempre desconhecidas. E é nesse vazio de resposta que Clothilde e as suas máquinas modelares aperfeiçoam o lado primitivo da exploração e criação na electrónica, trabalhando a sensibilidade e a curiosidade do ouvinte. “Twitcher” (Labareda, 2018), “Os Princípios do Novo Homem” (Holuzam, 2021, “Downhill Vignettes” (Self Release, 2023). mais tarde reeditado pelo aluzam numa Split Tape com João Hã! e op seu mais recente album “Cross Section” (Holuzam, 2024) oferecem coordenadas para a intensidade da procura da realidade de Clothilde: som puro, orgânico e claro.