Plagiar o Futuro by xerem Dezembro 12, 2015 0 Exposições, Novidades

Inauguração: 12/12 — 18h

Abertura: 12/12 — 27/02 | quarta a sábado — 15h – 19h

Curadoria: Andrea Rodríguez Novoa + Bruno Leitão

Artistas: Edouard Decam, Elena Bajo, João Maria Gusmão e Pedro Paiva, Jordi Colomer, Letícia Ramos, Louidgi Beltrame, Marlon de Azambuja e Rosa Barba

“The philosophers have only interpreted the world, in various ways. The point, however, is to change it.” (Karl Marx).

Plagiar o Futuro centra-se em práticas artísticas dissidentes nas quais a ficção é uma ferramenta de debate e de construção de futuro. A exposição reune propostas de natureza especulativa que antecipam o futuro, como se o copiassem e ao mesmo tempo o antecipassem. Propõe novas conceptualizações sobre o futuro através da Arquitectura e Urbanismo no cinema e no pensamento especulativo nas Artes Visuais e Imagem em Movimento.

A exposição explora a construção social através da ficção. O aspecto cativante da distopia como um futuro hipotético, e como as narrativas na literatura e no cinema de ficção científica põem em evidência a linha ténue que separa utopias e distopias, que, em vez de criarem fantasmas, antecipam o inevitável. Estas pesquisas acabam por revelar-se autênticas recriações do futuro, antecipando o que há-de vir, convertendo-se elas mesmas num plágio por antecipação de esse futuro.

As dinâmicas prospectivas e retrospectivas são inerentes à narrativa, uma estória é um regresso ao passado (retrospectiva) que avança no seu argumento (prospecção). Plagiarism by Anticipation é uma obra narrativa do autor francês Pierre Bayard na qual dá continuidade ao projecto iniciado na obra anterior Demain est écrit: the founding of the “critique of anticipation. Num tom irónico, Bayard dá-nos conta do despudor de alguns escritores que, mais uma vez, sem pudor, plagiarizam obras futuras ao roubarem os autores da sua originalidade, autores estes que muitas vezes ainda não nasceram. O autor diz: “While the classic plagiarism leads the writer to be inspired by one of his predecessors, plagiarism by anticipation leads the author to be inspired by one of his successors.”

Da mesma forma que estudamos um autor não a partir da sua obra, mas das suas consequências, o plagiarismo por antecipação seria o estudo das consequências de obras futuras e esse é o objectivo desta exposição: as obras que propõem um futuro imaginado, estão já a influenciá-lo.

Arte, literatura, cinema e arquitectura são constructos relacionais geralmente disseminados no território e na história tendo em conta a importância que se lhes dá posteriormente. Este reconhecimento pós-humano acontece uma vez que todas as construções sociais e culturais estão dependentes do impacto que causam no consciente colectivo, que por sua vez se multiplica exponencialmente através de diversas revisitações.

Partindo da hipótese de Pierre Bayard, esta exposição propõe explorar a importância prospectiva, e não retrospectiva, das obras que exploram agora aquilo que está para vir, tratando aquilo que está para vir como um passado-futuro e não como futuro. Esta revisitação do futuro pode facilitar o pensamento e consequentemente as expressões artísticas com verdadeiras aspirações políticas e sociais, ao propor novos sistemas a partir de velhas ideias futuras.

A ficção científica surge como uma das formas de pensamento e de concepção do futuro, na qual o urbanismo e os novos modelos sociais dão origem ao debate que pode ser levado a cabo pelas artes visuais na nossa sociedade. A arte da antecipação propõe o agora como um momento de escape. Em face a uma crise de valores como a que vivemos actualmente, as artes visuais podem abrir um espaço de debate em que se tratem novas propostas para a sociedade.

Bayard também argumenta que o plagiarismo por antecipação deve ser intencional, porque o oposto não é “plagiarismo”. E é também isto que propomos com este projecto experimental, as práticas artísticas aqui reunidas mostram-nos um futuro ao qual não somos expostos desde o momento em que o anunciam, alto e bom som, como se estivessem a reportar algo, num futuro que já foi vivido.