Data: 9 de novembro 2018
Hora: 18:30
Local: Hangar – Centro de Investigação Artística, Lisboa
© Smoking Dogs Films. Cortesia Smoking Dogs Films
© Smoking Dogs Films. Cortesia Lisson Gallery.
DETALHES
John Akomfrah estará à conversa com Manuela Ribeiro Sanches, pela ocasião da sua exposição individual ‘Purple’ no Museu Coleção Berardo em Lisboa. Olhando tanto para obras anteriores como mais recentes, a conversa versará sobre o envolvimento estético e ético-político de várias décadas de Akomfrah com as histórias e as memórias da escravatura, do colonialismo e do anti-colonialismo; as formações diaspóricas pós-coloniais; e as intersecções do racismo, do capitalismo e da destruição ambiental.
Organização: Ana Balona de Oliveira (CEC-FLUL & IHA-FCSH-NOVA), Pensando a Partir do Sul: Comparando Histórias Pós-Coloniais e Identidades Diaspóricas através de Práticas e Espaços Artísticos.
Apoio: Centro de Estudos Comparatistas, Universidade de Lisboa; Instituto de História de Arte, Universidade Nova de Lisboa; Fundação para a Ciência e a Tecnologia; Direcção Geral das Artes
BIOS
John Akomfrah (1957, Acra, Gana) vive e trabalha em Londres. É um artista e cineasta enormemente respeitado, cujas obras se caracterizam pelas suas investigações sobre memória, pós-colonialismo, temporalidade e estética e, com frequência, exploram a experiência da diáspora africana na Europa e nos EUA. Akomfrah foi um membro fundador do influente Black Audio Film Collective, que surgiu em Londres em 1982, juntamente com os artistas David Lawson e Lina Gopaul, com quem ainda colabora hoje. O seu primeiro filme, ‘Handsworth Songs’ (1986), explorou os eventos em torno dos protestos de 1985, em Birmingham e Londres, através de uma combinação densa de material de arquivo, fotografias e notícias. O filme ganhou vários prémios internacionais e configurou um estilo visual multifacetado que se tornou paradigmático da prática de Akomfrah. Obras recentes incluem a instalação em três écrans ‘The Unfinished Conversation’ (2012), um retrato emotivo da vida e do trabalho do teórico cultural Stuart Hall; ‘Peripeteia’ (2012), um drama imaginado que visualiza as vidas dos indivíduos incluídos em dois retratos do século XVI de Albrecht Dürer; e ‘Mnemosyne’ (2010), que expõe a experiência dos migrantes no Reino Unido, questionando a noção de que a Grã-Bretanha é uma terra prometida ao revelar as realidades da dificuldade económica e do racismo casual. Em 2015, Akomfrah estreou a sua instalação em três écrans ‘Vertigo Sea’ (2015), que explora o que Ralph Waldo Emerson chama de ‘os mares sublimes’. Fundindo material de arquivo, leituras de fontes clássicas e imagens novas, a obra de Akomfrah foca-se na desordem e na crueldade da indústria baleeira, a que justapõe cenas das muitas gerações de migrantes que atravessaram epicamente o oceano em busca de uma vida melhor. Em 2017, Akomfrah mostrou ‘Purple’, uma imersiva instalação vídeo em seis canais, que aborda as alterações climáticas e os seus efeitos nas comunidades humanas, na biodiversidade e na natureza. Mais recentemente, Akomfrah estreou ‘Precarity’ na Prospect 4 New Orleans. Através de material de arquivo e de imagens novas, ‘Precarity’ segue a vida do esquecido cantor de jazz de Nova Orleães, Buddy Bolden.
Akomfrah teve inúmeras exposições individuais, incluindo: New Museum, Nova Iorque, EUA (2018); Bildmuseet, Umeå, Suécia (2018); Nasher Museum of Art na Duke University, Durham, NC, EUA (2018); SFMOMA, São Francisco, CA, EUA (2018); Museo Thyssen-Bornemisza, Madrid, Espanha (2018); Barbican, Londres, Reino Unido (2017); Whitworth Art Gallery, Manchester, Reino Unido (2017); University of New South Wales, Paddington, Austrália (2016); Turner Contemporary, Margate, Reino Unido (2016); The Exchange, Penzance, Reino Unido (2016); Nikolaj Kunsthal, Copenhaga, Dinamarca (2016); STUK Kunstcentrum, Lovaina, Bélgica (2016); Arnolfini, Bristol, Reino Unido (2016); Bildmuseet Umeå, Suécia (2015); Eli and Edythe Broad Art Museum, Michigan, EUA (2014); Tate Britain, Londres, Reino Unido (2013-14); e uma série de projecções ao longo de uma semana no MoMA, Nova Iorque, EUA (2011). A sua participação em exposições colectivas inclui: ‘The 1980s: Today’s Beginnings?’, Van Abbemuseum, Eindhoven, Holanda (2016); ‘British Art Show 8’ (2015-17); ‘All the World’s Futures’, 56th Bienal de Veneza, Itália (2015); ‘History is Now: 7 Artists Take On Britain’, Hayward Gallery, Londres, Reino Unido (2015); ‘Africa Now: Political Patterns’, SeMA, Seul, Coreia do Sul (2014); Sharjah Biennial 11, Sharjah, Emirados Árabes Unidos (2013); Liverpool Biennial, Reino Unido (2012) e Taipei Biennial, Taiwan (2012). Também tem participado em vários festivais de cinema internacionais, incluindo o Sundance Film Festival, Utah, EUA (2013 and 2011) e o Toronto International Film Festival, Canadá (2012). Em 2017, ganhou o Artes Mundi Award.
Manuela Ribeiro Sanches é professora aposentada da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde ensinou entre 1981 e 2016. Tendo feito o seu doutoramento sobre o viajante e revolucionário Georg Forster, o seu interesse por literatura de viagens e tópicos relacionados, tais como os processos que sustentam a perceção e narração dos objetos descritos, levou-a a alargar a sua pesquisa ao campo da história da antropologia, em articulação com os estudos culturais, a partir de uma perspetiva pós-colonial. Tendo dedicado a sua atividade de docência e investigação a estudar os efeitos e repercussões, até ao presente, dos processos de (des)colonização a nível cultural e político, interessou-se, mais recentemente, pelos movimentos anticoloniais, nas suas vertentes nacionalista e transnacional. As suas áreas de interesse e investigação incluem ainda o cinema africano e questões ligadas às migrações e racismos na Europa numa perspetiva comparada. Publicações recentes: ‘Europe in Black and White: Immigration, Race, and Identity in the “Old Continent”’ (Intellect, 2011) e ‘Malhas que os impérios tecem. Textos anti-coloniais, contextos pós-coloniais’ (Edições 70, 2011). De momento está a organizar um volume reunindo um conjunto de textos sobre Cabral, Césaire e Du Bois a publicar em 2018.