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Conversa com Olivier Hadouchi (FR)

Cinema Militante e imagens da Guerra da Independência da Argélia

Organização e moderação: Maria do Carmo Piçarra (CECS-U. Minho/CFAC-U. Reading)

Data: 7 de Setembro, Quinta-feira, 19h

DETALHES

Durante a guerra da independência da Argélia (1954-1962), vários filmes militantes foram realizados para promover a luta em curso ou sublinhar a solidariedade com esta causa. As imagens da repressão e do uso da tortura pelo Exército francês nas aldeias e cidades argelinas, a imagem dos lutadores pela liberdade integrados no movimento de independência argelino mais importante – a Frente de Libertação Nacional -, e a questão dos refugiados ou dos jovens órfãos de guerra foram incorporados e abordados pelas representações propostas através deste cinema militante.

Realizadores de diferentes países (dos EUA a ex-Jugoslávia, passando pela Itália, Bulgária, etc.) e até realizadores franceses (como René Vautier, Cécile Decugis, Pierre Clément) opositores ao colonialismo e imperialismo integraram esta rede internacionalista cinematográfica.

O modo como foi criada uma rede internacional de apoio à independência da Argélia inspirou vários movimentos de libertação de países do Terceiro Mundo e a Tricontinental (OSPAAL – Organization of Solidarity with the People of Asia, Africa, America Latina), tendo Argel passado a ser considerada a “Meca dos revolucionários” (Amílcar Cabral) em África durante as décadas de 60 e 70 do século XX, apoiando movimentos como MPLA, FRELIMO, PAIGC, PLO, ANC e acolhendo exilados políticos como Manuel Alegre ou Eldridge e Kathleen Cleaver.

Durante a conversa serão mostrados extratos de filmes e imagens.

Biografia

Olivier Hadouchi é historiador e programador de cinema (PhD em estudos de cinema), e pesquisador, associado ao IRCAV Paris3. Vive e trabalha em Paris. Publicou um livro sobre imagens da solidariedade à independência argelina (editado pelo Museu de Arte Moderna de Belgrado, 2016) e textos em diversas publicações (Third Text, La Furia Umana, CinémAction, Something We Africans Got, além de catálogos…). Ministrou palestras, apresentações de filmes e discussões em museus, centros de arte (Tranzit / Praga, Chile, entre outros) e festivais de cinema (Paris, Marselha, Lille, Nantes, Argel, Béjaïa, Lisboa, Beirute, Ghent, Genebra, Bourges). Programou filmes para festivais tais como Le BAL, Bétonsalon e para o programa «Tricontinental. Cinema, Utopia e Internacionalismo» (com 13 exibições) para o Museu Reina Sofia (Madrid). Em parceria com Seloua Luste Boulbina, Olivier Hadouchi faz a curadoria do Festival La COLONIE (Paris), com uma programação mensal de filmes e vídeos.

 

Maria do Carmo Piçarra é investigadora de Pós-Doutoramento no Centro de Estudos Comunicação e Sociedade – U. Minho e do Centre for Film and Aesthetics-University of Reading. Co-editora da ANIKI – Revista Portuguesa da Imagem em Movimento, é jornalista, crítica e programadora de cinema e foi adjunta da presidência do Instituto de Cinema, Audiovisual e Multimédia (1998-1999). Publicou, entre outros títulos e artigos, Azuis-ultramarinos. Propaganda colonial e censura no cinema do Estado Novo” (2015), Salazar vai ao cinema I e II (2006, 2011), e coordenou, com Jorge António, a trilogia Angola, o nascimento de uma nação (2013, 2014, 2015) e, com Teresa Castro, (Re)Imagining African Independence. Film, Visual Arts and the Fall of the Portuguese Empire (2017).

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