Breve Arqueologia de uma Modernidade Bissau-Guineense by Icaro Outubro 02, 2022 0 Novidades

Breve Arqueologia de uma Modernidade Bissau-Guineense

04 Outubro – 18h

Bilheteira – 5 euros

No âmbito do projeto AURA CABRAL, viabilizado pelo Sonderstipendium INITIAL 2 / Leitura-performance conjunta, de aproximadamente 30 min. de duração, empregando voz, ação performática, projeção de vídeo e recursos sonoros.

Projeto Coletivo desenvolvido por
Filipa César, Kristin Bethge,
Lucas Rehnman e Welket Bungué

Fotografias por Kristin Bethge

Imagens vídeo por Filipa César

Texto-ensaio Lucas Rehnman

Performers Lucas Rehnman e Welket Bungué

Captação de imagens cênicas Filipa César

© Kristin Bethge

Logo após sua independência de Portugal, entre 1974 e 1980, a Guiné-Bissau pôde vivenciar um breve período socialista tendo como seu primeiro presidente Luís Cabral, irmão do líder anti-colonial e teórico marxista Amílcar Cabral. A construção de uma identidade nacional com consciência pan-africanista e universal, bem como o conceito de “Homem Novo”, tinham de ser urgentemente implementados nas diversas áreas da vida cultural, social e política. Nesse contexto, a educação, o cinema e a música puderam prosperar, bem como a escultura pública e a arquitetura – sintonizadas, em grande medida, com as preocupações de Amílcar Cabral. A premissa basilar desta intervenção performática é de que tanto a arquitetura quanto os monumentos comemorativos da Guiné-Bissau pós-colonial possibilitam uma grande oportunidade de investigar e estimar as complexidades, dificuldades e dilemas que este país experimentou de 1963 (ano que marcou o início da luta armada pela independência) à 1983 (data aproximada da completa dissolução do projeto socialista e a subsequente liberalização econômica). Apresentando evidência sólida de que uma coordenação local da produção arquitetônica e monumental de fato ocorreu na Guiné-Bissau entre 1973 e 1983, fato histórico nunca propriamente investigado, a intervenção visa retificar esta lacuna, com o intuito de desafiar a narrativa predominante que insiste que os países africanos, uma vez independentes, foram apenas receptores passivos dos saberes técnicos, arquitetônicos e culturais oriundos do Ocidente. Esta intervenção, ao contrário, defende a agência local, isto é, que a consolidação da modernidade no contexto guineense foi um processo onde o povo trabalhou ativamente para atingir sua modernidade, ao invés de simplesmente tornar-se moderno por influência do estrangeiro. Ao relacionar a luta anti-colonial encabeçada por Cabral e seu projeto nacional com a teoria antropofágica brasileira, a intervenção busca, a partir do caso paradigmático da Guiné-Bissau, desencadear importantes consequências para as futuras investigações acerca da História do Modernismo em África.

Lucas Rehnman é artista e curador nascido em São Paulo, Brasil. Vive e trabalha em Berlim, Alemanha. Mestre em Artes nas Esferas Públicas pela édhéa (École de Design et Haute École d’Art du Valais), Suíça, como bolsista premiado pela Wyss Foundation, sua investigação e prática a partir daí desenvolvem-se do desenho e da arte conceitual à uma reflexão ampla sobre decolonialidade, democracia e estratégias de transmissão oral e escrita. É membro do coletivo sonoro EPICAC Tropical Banda e também trabalha como educador independente.

Welket Bungué *1988 (Guiné-Bissau) é artista transdisciplinar, a residir em Berlim. É co-fundador da produtora KUSSA, licenciado em Teatro no ramo de Atores (ESTC/Lisboa) e pós-graduado em Performance (UniRio/RJ). Membro da Academia Europeia de Cinema, e integrante do Arsenal – Institute for Film and Video Art. Os seus filmes têm competido internacionalmente inclusive na Berlinale, ABFF (EUA), Africlap, Zanzibar IFF, Afrikamera, BFI London, IndieLisboa, DocLisboa, ou CurtaCinema (RJ). Welket é autor do livro ‘Corpo Periférico’, um ensaio autobiográfico sobre produção de cinema autoral baseado no conceito homónimo de “cinema de autorrepresentação”.

APOIOS

Apoiado pela Akademie der Künste, Berlim, com financiamento do Comissário do Governo Federal para a Cultura e os Meios de Comunicação Social como parte do programa NEUSTART KULTUR