Carolina X
Carolina X
Isabél Zuaa
2024
Surname “X”, because there is no trace of the lineage. Surname “X” to erase the prefix “Black” which always comes first than the first name. We got to her, in fact to them, to the centennial Carolina and Maria Teodora Doutora, through newspapers that gave account of their passing, in 1943 and 1920 respectively. Were they, both of them, the “last” enslaved people in Lisbon?
Who is she who poses, standing barefoot in Avenida da Liberdade, for photographer Charles Chusseau-Flaviens, with her chest filled with rosaries, as if she wears a lengthy row of amulets? Who are they, and so many others like them, who have been discarded by the “ladies” and “gentlemen,” for being aged, for not being useful anymore, and abandoned on the streets of Lisbon? “X” of unknown. “X” of crossroads. “X” of a milestone that is not possible to forget, despite the silence. “X” of incision, where the rupture of things is precipitated.
Apelido “X”, porque não sobra rastro da linhagem. Apelido “X” para rasurar o prefixo “preta”, que vem sempre primeiro que o nome próprio. Chegamos a ela, na verdade a elas, às centenárias Carolina e Maria Teodora Doutora, através de jornais que davam conta do seu falecimento, 1943 e 1920 respetivamente. Ambas, seriam as “últimas” escravizadas em Lisboa?
Quem é ela que pousa de pé, descalça, em plena Av. da Liberdade para o fotógrafo Charles Chusseau-Flavies, com o peito cheio de rosários, como quem usa uma extensa fiada de amuletos? Quem são elas, e tantas outras, que como elas, foram descartadas pelas “senhoras” e pelos “senhores”, depois de velhas, por falta de serventia, e largadas ao abandono nas ruas de Lisboa? “X” de incógnita. “X” de encruzilhada. “X” de marco que não é possível esquecer, apesar do silêncio. “X” de incisão, por onde se precipita o romper das coisas.
October 20th 2024 – 4 pm
Isabél Zuaa is a multidisciplinary artist born in Lisbon, with roots in Guinea-Bissau and Angola. She focuses on dramaturgies that highlight Black people as protagonists. Trained in acting at Chapitô, the School of Theatre and Cinema, and Unirio, she has been involved in theatre, film, television, and performance projects predominantly in Brazil and Portugal since 2010.
In 2019, together with Cleo Diára and Nádia Yracema, she founded the collective AURORA NEGRA, which debuted the play “Aurora Negra” at TNDM II, followed by “COSMOS” in 2022 and “Missão da Missão” in 2023. The collective also created the KILOMBO Festival.
Isabél has been recognized with several awards, including Best Actress at the 2020 Gramado Festival for the film “Um Animal Amarelo” Best Supporting Actress at the 2023 Cineuphoria Awards for the film “A viagem de Pedro,” and the Guarani Award for Best Actress in 2022 for the film “Um Animal Amarelo,” along with several other honorable mentions and awards for her performances in films such as “Joaquim,” “Good Manners,” “O Novelo” “Estamos todos na sarjeta” and “Malandro de Ouro.” She was recognized by BANTUMEN POWERLIST as one of the 100 most influential personalities in the Lusophone world in 2021 and 2022.
Isabél Zuaa é uma artista multidisciplinar nascida em Lisboa, com raízes na Guiné-Bissau e Angola. Foca-se em dramaturgias que destacam pessoas negras como protagonistas. Formada em interpretação no Chapitô, na Escola Superior de Teatro e Cinema e na Unirio, tem estado envolvida em projetos de teatro, cinema, televisão e performance, principalmente no Brasil e em Portugal, desde 2010.
Em 2019, juntamente com Cleo Diára e Nádia Yracema, fundou o coletivo AURORA NEGRA, que estreou a peça “Aurora Negra” no TNDM II, seguindo-se “COSMOS” em 2022 e “Missão da Missão” em 2023. O coletivo também criou o Festival KILOMBO.
Isabél foi reconhecida com vários prémios, incluindo Melhor Atriz no Festival de Gramado 2020 pelo filme “Um Animal Amarelo”, Melhor Atriz Secundária nos Prémios Cineuphoria 2023 pelo filme “A Viagem de Pedro” e o Prémio Guarani de Melhor Atriz em 2022 pelo filme “Um Animal Amarelo”, entre várias outras menções honrosas e prémios pelas suas atuações em filmes como “Joaquim”, “Boas Maneiras”, “O Novelo”, “Estamos Todos na Sarjeta” e “Malandro de Ouro”. Foi reconhecida pela BANTUMEN POWERLIST como uma das 100 personalidades mais influentes do mundo lusófono em 2021 e 2022.
