ILHA DE SÃO JORGE
Curadoria: Paula Nascimento + Stefano Rabolli Pansera [BEYOND ENTROPY]
Artistas: Suleimane Biai+Filipa César, Rui Terneiro + Filipe Branquinho e Tiago Correia-Paulo, Mónica de Miranda, Irineu Destourelles, Kiluanji Kia Henda, e René Tavares + Kwame Sousa
Data: 25 de Setembro a 9 de Outubro
Local: HANGAR Centro de Investigação Artística – Rua Damasceno Monteiro, 12 (Graça)
Horário: quarta a sábado, 15h – 19h
Contactos: 218 879 490 | 96 720 96 39
Inauguração: 25 de Setembro, 19h
Lançamento do livro “Ilha de São Jorge” em Lisboa: 5 outubro, 18h
Com conversa com os curadores Paula Nascimento e Stefano Rabolli Pansera e Ana Vaz Milheiro
A ILHA DE SÃO JORGE
A exposição “Ilha de São Jorge” apresentada no Hangar é uma reposição do projecto apresentado na Bienal de Arquitectura de Veneza em 2014, na continuidade dos projectos “Beyond Entropy Angola” (2012) e “Luanda, Cidade Enciclopédica” (exposição galardoada com o Leão de Ouro a Bienal de Veneza de 2013) .
A Ilha de San Giorgio Maggiore, Veneza, foi virtualmente transformada numa ilha extra-territorial, a “Ilha de São Jorge”, enriquecendo assim o tema específico da Bienal de Arquitectura de 2014: “Absorbing Modernity 1914-2014.”
Ilha de São Jorge propõe uma reflexão sobre o modo como a modernidade foi concebida, desenvolvida, construída, habitada, absorvida e por vezes rejeitada em quatro países de língua portuguesa: Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Moçambique e São Tomé, e produz um modelo de condições urbanas que pode conduzir a novas perspectivas sobre desenvolvimento urbano e discurso arquitectónico nestas regiões.
Com o vídeo “Uma Cabana”, Suleimane Biai e Filipa César imaginam a construção de um edíficio como uma experiência e um ritual para a articulação da memória e a sua inscrição no actual contexto social e político da Guiné Bissau. O filme “Concrete Affectio” de Kiluanji Kia Henda é inspirado no livro do escritor polaco RyszardKapuściński “Another Day of Life”, 1975. Kia Henda explora o vazio da cidade após a partida dos portugueses, dando visibilidade à arquitectura única de Luanda. O vídeo de Mónica de Miranda “Hotel Globo” conta a história da diáspora angolana centrando-se num hotel Modernista localizado no centro de Luanda. Com “Mionga House”, os artistas Kwame Sousa e René Tavares exploram as características da comunidade do sul da ilha de São Tomé. O projecto de Irineu Destourelles procura desenvolver a relação entre uma matriz sócio-cultural em constante evolução, a herança construída e a organização do tecido urbano contemporâneo da cidade do Mindelo, em Cabo Verde. Os filmes que compõem “Journey to The Centre of Capricorn” de Filipe Branquinho, Tiago Correia-Paulo e Rui Tenreiro propõem uma leitura poética e surrealista da arquitectura colonial e contemporânea da cidade de Maputo, em Moçambique.
Obras em exibição:
- Filipa César & Suleimane Biai, Uma Cabana, 2014, HD vídeo, côr, som, 41 mins.
- Filipe Branquinho, Tiago Correia-Paulo and Rui Tenreiro, Journey to The Centre of Capricorn- Postal da Baía dos Mpfumos, 2013, HD vídeo, côr, som, 2 mins. 7 sec
- Filipe Branquinho, Tiago Correia-Paulo and Rui Tenreiro, Journey to The Centre of Capricorn-Moshanyana, 2013, HD vídeo, côr, sound, 2 mins. 45 sec
- Monica de Miranda, Hotel Globo, 2014, HD vídeo, côr, som, 10 mins.
- Irineu Destourelles, New Words for Mindelo’s Urban Creole, 2014, HD vídeo , p/b, som, 10 mins. 23 sec
- Kiluanji Kia Henda, Concrete Affection – Zopo Lady, 2014, HV vídeo, côr, som, 12 mins.
- René Tavares & Kwame Sousa, Mionga House, 2014, HD video, côr, som, 9 mins. 7 sec
O LIVRO
“Ilha de São Jorge” é o volume editado por Ana Vaz Milheiro, Stefano Serventi e Paula Nascimento, nascido com o projecto expositivo com o mesmo nome organizado pela Beyond Entropy Africa (Paula Nascimento e Stefano Rabolli Pansera) para a Bienal de Veneza em 2014, dando continuidade à pesquisa iniciada com “Beyond Entropy Angola” (2012) e “Luanda, Cidade Enciclopédica” (exposição galardoada com o Leão de Ouro). O catálogo esté dividido em 5 secções (objectos, edifícios, cidade, paisagem, visões), inclui textos criativos, imagens e pesquisas académicas. Conta com a contribuição de arquitectos, investigadores e artistas preocupados em desenvolver conexões entre o modernismo dos cinco países africanos de língua portuguesa, pela primeira vez estabelecendo-se relações entre si e não exclusivamente com a antiga pátria mãe.
BEYOND ENTROPY
A Beyond Entropy foi inicialmente desenvolvida por Stefano Rabolli Pansera, em 2009, como uma pesquisa trans-disciplinar no seio da Architectural Association, School of Architecture, em Londres. A Beyond Entropy Ltd é, actualmente, um gabinete colaborativo independente que opera a nível mundial, em parceria com organizações públicas, instituições privadas e agências governamentais. A Beyond Entropy Ldt opera na fronteira entre arte, arquitectura e geopolítica e desenvolve projectos diversificados: desde actividades de âmbito curatorial até instalações de arte, passando por intervenções arquitectónicas e projectos de grande envergadura, até debates públicos e publicações impressas. A Beyond Entropy Ldt opera como uma holding que detém acções de cada empresa afiliada, por sua vez gerida por um parceiro local. a Beyond Entropy Africa, registada em Angola em 2012, é dirigida por Paula Nascimento, enquanto que a Beyond Entropy Books, registada em Itália, é dirigida pela Tankboys.
A Beyond Entropy considera a energia para lá da retórica da sustentabilidade e questiona noções pré-concebidas por forma a produzir novas ideias sobre o espaço que habitamos – as nossas casas, as nossas cidades, os nossos territórios. A energia é um dispositivo conceptual usado para conceber novas estratégias arquitectónicas que revelam o espaço não como uma entidade fixa e mensurável, mas antes como uma coalescência temporal de forças continuamente em desdobramento. A pesquisa é articulada em torno de 4 conceitos: entropia, forma, energia e espaço. A entropia é a noção mais clara de todas: tudo parece passar do estado de ordem para o estado de desordem. A forma é o princípio que torna a realidade inteligível, e como tal, é um significado. Energia é o conceito mais abstracto. Não sabemos realmente o que é; não deve ser confundida com electricidade ou assimilada à força. Permanece constante, nunca aumentado ou diminuindo. Tal como a energia, o espaço está longe de ser uma entidade fixa e quantificável oposta à temporalidade; requer um modo de devir uma vez que está em constante transformação. é por isso que é impossível separar o espaço da sua evolução no tempo.
Paula Nascimento (Directora da Beyond Entropy Africa) nasceu em Luanda em 1981. Estou na Southbank University e na Architectural Association School of Architecture em Londres. Trabalho para Álvaro Siza Architectos e RDA. Actualmente, Paula Nascimento vive e trabalha em Luanda e é consultora para a COCA Consultores de Energia e Ambiente). É também Directora da Beyond Entropy Africa. Desde 2013 é membro do Comité Inter-ministerial da República de Angola para a Expo Milano 2015. Também em 2013 fez a curadoria da exposição Luanda, Cidade Enciclopédica, com Stefano Rabolli Pansera, projecto galardoado com o Leão de Ouro na Bienal de Veneza.
Stefano Rabolli Pansera (Director da Beyond Entropy Ltd) nasceu em Brescia em 1980. Terminou com Distinção o curso na Architectural Association School of Architecture em Londres e de seguida trabalhou com Herzog e de Meuron entre 2005 e 2007. Leccionou como Unit Master na Architectural Association entre 2007 e 2011 e conduziu seminários e workshops nas Universidades de Cagliari, Cambridge, Naples, Wuhan, Seoul e Madrid. Em 2010 criou, editou e dirigiu o projecto de pesquisa Beyond Entropy, apresentado no mesmo ano como Evento Colateral na Bienal de Veneza de 2011 e expôs na Trienal de Milão e na Architectural Association em Londres. É fundador da Beyond Entropy Ltd. que opera na Europa, Mediterrâneo e África. Em 2012 foi nomeado Director do Museum of Contemporary Art de Calasetta e da Mangiabarche Gallery. Em 2013 fez a curadoria da exposição Luanda, Cidade Enciclopédica, com Paula Nascimento, projecto galardoado com o Leão de Ouro na Bienal de Veneza.